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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Filme mostra motoboys brasileiros em Londres e discute imigração ilegal

Karl Max Way
Filme mostra motoboys brasileiros em Londres e discute imigração ilegal

Se você olhar no espelho retrovisor e vir um sem-número de motoboys buzinando entre os carros e reclamando dos motoristas em português, atenção: você pode estar em Londres. Essa é uma das revelações de “Karl Max Way”, curta de Flavia Guerra e Maurício Osaki que disputa a mostra competitiva da categoria no festival É Tudo Verdade.

O documentário discute a questão da imigração na Europa a partir da história de Karl Max, motoboy goiano que vive ilegalmente em Londres, onde cerca de 80% dos profissionais do ramo são brasileiros. “Eles estabeleceram uma espécie de reserva de mercado brasileira no setor em Londres. Assim como os pedreiros são todos poloneses, os couriers são brasileiros. Segundo os ingleses, eles levam vantagem sobre os ingleses devido ao espírito de aventura e ao gosto pela velocidade. Topam fazer entregas que os ingleses recusam, como algumas solicitadas em dias de inverno. São motoboys porque gostam”, conta Flavia, que fez o filme como trabalho de conclusão do mestrado em direção de documentários na Goldsmiths - Universidade de Londres.

Inicialmente, o filme não teria o motoqueiro goiano como personagem principal, mas o grave acidente sofrido por ele durante as filmagens provocou uma reviravolta no roteiro. Apesar de não portar qualquer documento no momento em que foi socorrido, o que deixava clara a sua situação ilegal no país, Karl foi atendido como qualquer cidadão inglês. Correu risco de vida, recebeu transfusões de sangue, ficou 46 dias internado e passou por mais de dez cirurgias para reconstituir o pé, mutilado pelo asfalto e quase amputado. Em nenhum momento teve de dar satisfações sobre vistos e tampouco foi encaminhado às autoridades britânicas.

“Quando ele se apresentou dizendo ‘Meu nome é Karl Max. Tipo o filósofo, sabe? Mas sem o R. E o outro era socialista. Eu não. Eu sou capitalista’, já havia achado que era um personagem pronto. Depois que ele caiu, tive de mudar todo o filme. Percebi que existe um acordo tácito entre profissionais de saúde e imigrantes ilegais. Enquanto na Itália discute-se a determinação de que os médicos entreguem as pessoas em situação irregular, na Inglaterra, elas são toleradas. Afinal, como diz um dos entrevistados, no caso dos motoboys, os brasileiros teriam ocupado um mercado que se abriu e não tomado o trabalho de profissionais locais”, explica Flavia.

O filme será exibido no Rio nesta quarta-feira, dia 14, às 17h, no Unibanco Arteplex e na sexta-feira, dia 16, às 17h, no Espaço Unibanco de Cinema, em São Paulo. Na sessão, também poderão ser assistidos outros concorrentes na competição de curtas: “Xetá”, que aborda o extermínio dos nativos no noroeste do Paraná; “Bernnô”, sobre o pintor de automóveis que virou artista plástico, e “As Aventuras de Paulo Bruscky”, produzido sem câmeras e com o auxílio do jogo virtual Second Life.


fonte: G1.com

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